quarta-feira, 26 de agosto de 2009

DORT E FIBROMIALGIA

A fibromialgia é uma síndrome dolorosa crônica, não inflamatória, caracterizada pela presença de dor músculo-esquelética difusa, ou seja, acima e abaixo da cintura, do lado direito e esquerdo e pelo menos um segmento da coluna, acompanhada pela palpação de múltiplos pontos dolorosos ou "tender points". Se fossemos resumir, os pacientes queixam de dor no corpo todo.
Acomete 2% da população e encontra-se entre as principais síndromes diagnosticadas e tratadas pelos Reumatologistas, sendo 80-90% no sexo feminino com idade média variando entre 30-60 anos. Também acomete crianças e idosos, bem como pacientes do sexo masculino.
A dor, cuja intensidade varia de moderada a severa é o seu principal sintoma, podendo iniciar-se em uma região do corpo, particularmente nos ombros e pescoço, tornando-se generalizada, depois de um certo tempo. Alem da dor persistente, 90% dos pacientes exibem fadiga bem com cansaço extremo, distúrbios do sono, caracterizados por um sono não reparador, ou seja, os pacientes reclamam que "dormem, acordam cansados e com dor", cefaléia (dor de cabeça) de caráter tensional ou do tipo enxaqueca, formigamento nos braços e pernas (muitos pacientes procuram o pronto socorro acreditando que estão tendo um infarto do coração ou derrame cerebral), sensibilidade ao frio referindo que suas dores pioram no inverno, vertigem, dificuldade de concentração, boca e olho seco, batedeira no peito, sensação de inchaço no corpo, tensão pré menstrual e irritabilidade. Os distúrbios do humor são comumente encontrados nestes pacientes, particularmente a ansiedade e a depressão. 25% apresentam depressão major no momento do diagnóstico e 50% história de depressão. Porém é impossível determinar se os fatores psicológicos são primários, concomitantes ou secundários.
Alguns pacientes são capazes de identificar alguns fatores que precipitam ou agravam seu quadro doloroso entre eles, os quadros virais, traumas físicos (acidentes automobilísticos), traumas psíquicos (problemas com filhos, divórcios e outros), mudanças climáticas (especialmente o frio e a umidade), sedentarismo e a ansiedade são os mais relatados. Porém, o único achado relevante ao exame físico é a presença dos pontos dolorosos ou "tender points". Os exames laboratoriais habitualmente são normais, na fibromialgia primária. Assim sendo, o seu diagnóstico é clínico e feito por um especialista que conheça a doença.
A presença de outras doenças não exclui o diagnóstico de fibromialgia, podendo estar associada ao Lupus Eritematoso Sistêmico, osteoartrose, artrite reumatóide, hérnia de disco, osteoporose e outras doenças.Sua etiopatogenia ainda não está completamente elucidada. Diversos estudos mostram que os sintomas da fibromialgia devem ser decorrentes das alterações nos mecanismos de modulação da dor, onde encontramos uma diminuição dos níveis de serotonina (substância analgésica) e um aumento dos níveis de substância P (substância algógena), no sistema nervoso central, em indivíduos geneticamente predispostos, sendo assim os pacientes portadores de fibromialgia são extremamente "queixosos e doloridos". Há estudos mostrando uma diminuição da perfusão sanguínea no tálamo e núcleo caudado, importantes regiões do cérebro envolvidas com a percepção dolorosa. Também encontramos os distúrbios do sono bem como uma piora de suas queixas com o stress emocional. Pelo estado de dor crônica os pacientes tornam-se inativos e conseqüentemente descondicionados, sendo assim, o seu tratamento jamais pode ser realizado apenas com medicamentos.
O tratamento da fibromialgia tem por objetivo aumentar a analgesia central e periférica, melhorar os distúrbios do sono, minimizar os distúrbios de humor e assim melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados.O tratamento divide-se em farmacológico (com medicamentos) e não farmacológico:
O tratamento farmacológico, quando utilizado isoladamente, não apresenta bons resultados. Os antiinflamatórios quando utilizados isoladamente apresentam baixa eficácia. Diversas medicações que atuam no Sistema Nervoso Central, especialmente os antidepressivos tricíclicos apresentam resultados satisfatórios.
O tratamento não farmacológico é obrigatório e deve-se iniciar através da educação do paciente, onde devemos frisar que a fibromialgia trata-se de uma doença real e não imaginária e que não deforma e nem aleija.
Os pacientes devem ser orientados a realizar exercícios de alongamento ou hidroterapia bem como atividades que melhorem da performance cardiorespiratória. Temos que melhorar o condicionamento físico destes pacientes, porém de caráter lento e progressivo.
Também podemos sugerir a psicoterapia, em casos de ansiedade ou depressão extremas. A acupuntura, vem sendo bastante utilizada no tratamento de síndromes dolorosas, levando a diminuição da ansiedade e da dor mostra bons resultados no tratamento da fibromialgia quando realizada por um médico que conheça com detalhas esta doença.
Outras modalidades incluem técnicas de relaxamento, eletro-estimulação transcutânea e terapia comportamental.
DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS
AO TRABALHO (DORT/LER)

Os distúrbios músculo esqueléticos relacionados ao trabalho são uma causa importante de incapacidade que vêm crescendo rápida e progressivamente, acarretando múltiplos impactos em especial médicos, econômicos e sociais.
O DORT é uma síndrome multifatorial, onde fatores psicológicos, tais como, estresse e distúrbios emocionais, podem preceder e são responsáveis pela manutenção de seus sintomas. Existem ainda outros fatores envolvidos, entre os quais: genéticos, organizacionais (demanda, segurança, ambiente, relacionamento com superiores hierárquicos e colegas de trabalho), individuais (personalidade, satisfação com o trabalho, relacionamento com familiares, tabagismo, obesidade, percepção inadequada sobre seu estado de saúde), idade (redução da capacidade de trabalho após os 50 anos, devido à diminuição da capacidade aeróbica e força muscular que promovem uma diminuição do limiar de fadiga), indenizações trabalhistas e questões de estabilidade no emprego.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do DORT são:

1. Relacionados ao trabalho:
- Sobrecarga física - trabalhadores submetidos à sobrecarga física apresentam mais problemas de coluna cervical e ombros.
- Sobrecarga mental - é um fator de mau prognóstico em doenças de membros superiores - Trabalho monótono - Baixo suporte social e no trabalho - Espaço, ferramentas, acessórios, equipamentos e mobiliário inadequados - Desrespeito postural a angulações, posicionamento e distâncias - Utilização de instrumentos ou assentos de veículos que transmitem vibração excessiva. - Inexperiência: trabalhadores inexperientes apresentam maior índice de problemas em membros superiores.
- Técnicas incorretas para execução de tarefas - Sobrecarga biomecânica, dinâmica ou de repetição - Sobrecarga biomecânica estática - Ambiente de trabalho inapropriado, tais como: ventilação, temperatura e umidade.
2. Relacionados à carga horária
- Carga horária completa - Trabalho noturno - Trabalho monótono - Excesso de jornadas de trabalho (horas extras) - Falta de intervalos apropriados.
3. Relacionados ao lazer e família:
- Baixo suporte familiar - Lazer inadequado ou insuficiente - Solidão
Entre os principais DORT são: - Tenossinovite do punho e antebraço - Síndrome do túnel do carpo - Tendinite do ombro- Epicondilite lateral - Epicondilite lateral - Cervicalgia - Lombalgia- Aumento dramático relacionado ao trabalho.

Entre os distúrbios dolorosos mais freqüentes em trabalhadores temos:

1. Patologias vertebrais (cervical, lombar e dorsal) 2. Síndromes miofasciais 3. Tenalgias 4. Mialgias
Os patologias dolorosas relacionadas ao DORT são multifatoriais e correspondem a um grupo heterogêneo de afecções, que muitas vezes não apresentam uma causa identificável, de alta incidência no exercício médico diário, não podendo ser atribuídas unicamente às atividades ocupacionais.
É fundamental investirmos na sua prevenção, o que proporcionará melhoria da saúde e aumento de segurança e produtividade.

Entre as principais medidas de prevenção, devem ser incluídas:

Medidas estruturais:

Ø Melhoria do espaço de trabalho e mobiliário Ø Escolha de ferramentas e instrumentos adequados Ø Diminuir os erros de postura Ajustando o local do trabalho Alterando a posição das ferramentas Orientando o trabalhador quanto aos erros de postura

Medidas de organização:
Ø Projetando um trabalho ergonômico: Utilizando auxílio mecânico Permitindo pausas para o trabalho Distribuindo uniformemente o trabalho
Ø Estresse psicológico: Promovendo pausas no trabalho Minimizando os impasses no trabalho
Ø Treinamento: Informando os riscos específicos Orientando corretamente sobre os métodos de execução do trabalho Orientando as posturas corretas Sugerindo pausas no trabalho Terapia física ativa
Trabalhadores submetidos à terapia física precoce retornam mais precocemente ao trabalho. Terapia física precoce: reduz número de visitas médicas, reduz dias com restrições ao trabalho, diminui número de afastamentos, diminui custos, melhora a saúde

A prevenção ainda inclui fatores relacionados e não relacionados ao trabalho. É importante também investirmos em ergonomia, que é a ciência e tecnologia que promove o ajuste confortável e produtivo entre o ser humano e o trabalho pois a sua ausência promove:
Absenteísmos e perda de produtividade Custos financeiros com os trabalhadores afastados Contingentes de trabalhadores com restrições Deterioração das relações humanas

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