sexta-feira, 2 de abril de 2010

MOBILIDADE

Mobilidade urbana
QUASE UM terço dos brasileiros encontra dificuldades físicas para realizar algum tipo de tarefa cotidiana. Caminhar por mais de um quilômetro, subir ladeiras ou escadas, abaixar-se ou curvar-se não são atividades simples para muitas dessas pessoas e constituem um obstáculo para a sua mobilidade, dentro ou fora de casa. Os dados constam do estudo "Um Panorama da Saúde no Brasil", divulgado pelo IBGE.
O problema é maior entre os mais velhos. Cerca de 72% das pessoas acima dos 60 anos enfrentam algum tipo de limitação física. Daí que não surpreenda o aumento da parcela da população com entraves à sua mobilidade -que passou de 26,2%, em levantamento de 2003, para 29,1% dos brasileiros, em 2008.
Não será apenas com exercícios físicos ou acompanhamento médico que se reverterá tal tendência. Em grande medida ela deriva de razões demográficas. O aumento da expectativa de vida e a queda na taxa de fecundidade têm levado ao crescimento da fatia de idosos na população.
A pesquisa do IBGE impõe considerações que ultrapassam o âmbito das políticas de saúde -que não devem, é claro, ser menosprezadas. Mobilidade, como sabem as pessoas com deficiências físicas, é também um problema de planejamento urbano.
As grandes cidades do país têm condições inadequadas para o trânsito de uma parcela expressiva da população. Idosos, deficientes e doentes crônicos se veem forçados a depender de ajuda para se locomover.
É imperativo melhorar o transporte público e torná-lo cada vez mais acessível. Mas não basta. As pessoas precisam chegar até as estações de trem e metrô ou aos pontos de ônibus -tanto quanto têm o direito de andar a pé ou em cadeiras de rodas, se assim desejarem.
Parece banal, mas melhorar as condições precárias das calçadas e dos espaços públicos, bem como das faixas de pedestres, representaria uma revolução urbanística no país.

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