sexta-feira, 30 de abril de 2010

Já houve coisas piores

Lula, escolhido o líder mais influente do planeta pela "Time"?
Havia ontem uma intensa discussão a respeito do lugar que foi destinado ao presidente brasileiro.
Seria mesmo "o primeirão"?
Ou era apenas um dos "25 eleitos" pela publicação americana na categoria "líderes"? C
onforme a própria revista depois esclareceu, essa última interpretação é a mais correta.
Mas, afinal, que diferença faz?
A discussão serviu apenas para pôr em relevo o aspecto frívolo e bizantino da própria lista.
Ela diz menos sobre as personalidades que supostamente ilumina
do que sobre as taras e misérias de um mundo que precisa a todo instante se reconhecer no espelho das celebridades que fabrica.
Todo ranking, no fundo, é só uma forma de alimentar o bovarismo da sociedade do espetáculo.
A lista é tola, mas não significa que seja "arbitrária".
 Já houve coisas muito piores. Na década de 70, a própria "Time" fez uma relação de quem seriam os 150 líderes mundiais no fim do milênio. Brasileiros? Havia dois. Um era o então deputado Célio Borja. O outro, o ministro da Agricultura de Ernesto Geisel, Alysson Paulinelli. Sim, acredite.
O caso de Lula é evidentemente distinto.
Um líder operário que chega à Presidência de um país como o Brasil e no final do mandato reúne mais de 70% de aprovação popular.
No perfil que escreveu do petista, o documentarista Michael Moore
diz platitudes, mas é certeiro ao afirmar: "O que Lula quer para o Brasil é o que nós costumávamos chamar de sonho americano".
Um mundo de consumidores banais e felizes. Uma sociedade remediada na sua selvageria pela força integradora do dinheiro. Do socialismo, nem o cadáver.
Esse é o horizonte em que se movem Lula e sua utopia mundana. Moore viu o que muito petista ainda não entendeu.
Pelos prêmios já acumulados e pelo conjunto da obra,
 a "Time" deveria ter incluído Lula na lista dos "artistas". E Dunga talvez esteja pensando se não há um lugarzinho para "o cara" na sua seleção.
do iditorial da folha de São Paulo, hoje

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