terça-feira, 20 de abril de 2010

Esquecimento

Se há liberdade...qdo temos..ou existe um espaço só nosso.. ai estamos assim livres de de pensarmos como entendemos ou fazer oque queremos...como andar de bike
Num dos seus contos mais notáveis, de Jorge Luis Borges construiu uma parábola sobre um homem incapaz de esquecer. O conto de Borges não é apenas a descrição sardônica do infeliz e insone Funes, que após acidente juvenil passou a registrar, com precisão patológica, cada minuto, gesto, palavra ou imagem do mundo em volta. Uma coleção interminável que o impede de viver normalmente. O conto é uma elegia sobre a importância do esquecimento. Porque sem esquecimento não existe liberdade para continuarmos ainda e um pouco mais...*livro "Funes el Memorioso",
A amizade de todos os dias...existe.. claro que sim..mas
Alguém deseja ser meu amigo...ai eu penso..Remeto-me para memórias de infância...època da esc tinha na época e tenho hoje a seguinte pretensão: Encanta-me se alguém se aproxima ou aproximava, e perguntava: "Queres ser meu amigo?".
A comparação é talvez ofensiva para a infância: nesses tempos, havia pelo menos o contato real com um ser humano real.
Hoje, nem isso é tanto assim: a palavra "amizade", usada na internet, é uma traição da sua natureza verdadeira.
A amizade não é um convite. É um acaso.
O melhor de todos os acasos.
E quem é amigo de dezenas, ou centenas, ou milhares de pessoas, obviamente não é amigo de uma só.
A amizade implica tempo, disponibilidade.
E, como no amor, existe na amizade uma dimensão de sacrifício e exclusividade que o ruído cibernauta contamina.

Na minha vida profissional, conheço dezenas de pessoas.

Mas os meus amigos não são tão poucos embora não excedem os dedos de uma mão.
Recebo convites de amizade todos os dias.
Todos os dias nada respondo, uma forma educada de recusar perguntas que não se fazem.
Mas sei que pertenço a uma espécie em vias de extinção.
Um admirável mundo novo? esta amizades virtuais
Será...?????
Mas um mundo novo traz dilemas novos.
E novas ameaças.
Não falo da ameaça metafísica, ou existencial, de sermos incapazes de manter ligações significativas com alguém.
As ameaças lidam também com a privacidade, ou com o valor que conferimos à privacidade num mundo onde nos expomos e espiamos.
Li que um adolescente em cada cinco e um jovem adulto em cada três já enviou fotografias ou vídeos seus onde estão nus ou seminus.
Mas não é preciso entrar nessas "redes sociais"
o que as pessosas encontram: a revelação pública da intimidade.
Em fotos ou palavras. Lamentos ou pensamentos.
É O mundo moderno, E NA MINHA OPONIÃO TUDO faz mais sentido defender a esfera privada.
Porque tudo é privado; ou, inversamente, tudo é público, o que facilita a comunicação, a partilha e, em certos casos, a denúncia da violência e da arbitrariedade.
Acho importante garantir as pessoas um refúgio último e pessoal em que a consciência, e não a pressão da turba, é soberana.
A conquista da privacidade, conferindo a Deus o que é de Deus e a César o que é de César, permitiu também o culto de outras liberdades.
Por isso temos liberdade quando existe oque precisamos um um espaço só nosso, e só nosso, que existe também a liberdade de pensarmos como entendemos; de nos reunirmos com quem quisermos; e de nos expressarmos sem temer as interferências do poder político com a sua pata potencialmente censória. Quando expomos voluntariamente a nossa privacidade, estamos voluntariamente a entregar a desconhecidos o que levou séculos a conquistar e preservar. Uma rendição da nossa identidade. Não será de espantar, por isso, que comecem a surgir vozes preocupadas.
O direito de podermos apagar do mundo virtual as pegadas que fomos deixando, e que outros foram copiando, sobre os nossos trajetos passados.
A internet é incapaz de esquecer.
Como no conto de Borges assim somos infeliz e insone Funes, cada minuto, nã tivermos certos esquecimentos de gesto, palavra ou imagem do mundo em volta.
Que não nos impede de viver normalmente.
Porque sem esquecimento não existe liberdade para continuarmos ainda e um pouco mais.

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