segunda-feira, 20 de julho de 2009

Mundo de cada um


Sempre há um mundo proprio em cada um..na vida de cada um..mundo próprio em que, longe de agitos..como o Rilke caminhava, conferindo perturbadora densidade à brisa: "Respirar, invisível dom -poesia!/ Permutação entre o espaço infinito/ e o ser. Pura harmonia/ onde em ritmos me habito... Quanta dessas estâncias dos es- paços/ Estavam já em mim. E quanta brisa/ como um filho em meus braços.// Me reconheces, ar, nas tuas velhas pa-lavras?/ Outrora casca lisa,/ céu e folhagem das minhas palavras". Nesta fase iniciado anos antes e a temporada de encastelamento (esta em Duíno, junto do Adriático), legou-nos um manuscrito, escrupulosamente passado a limpo, em que prestava contas da agonia de um escritor obrigado a servir a dois patrões inconciliáveis: o mundo, sob a forma exigente das relações pessoais (no limite, o amor), e a arte das palavras, que tinha devoção absoluta. A literatura como religião laica -que o identifica com outros grandes nomes da poesia alemã. Na sua maioria há renúncia aos arranjos habituais de acomodação dos afetos (formar uma família, por exemplo) que é sempre apresentado como a antessala obrigatória da realização literária, construída com doses idênticas de sacrifício e autossuficência. Na obra de Rilke, há a percepção crescente na sua poesia da vocação metafísica que convive com o visualismo substantivo de uma poesia-coisa em que matizou bastante..

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